Veneza, situada na região nordeste da Itália, é uma das cidades mais icônicas e românticas do mundo. Fundada no século V, a cidade emergiu como uma potência comercial e naval durante a Idade Média e o Renascimento.
Construída sobre um arquipélago de 118 pequenas ilhas conectadas por mais de 400 pontes, é famosa por seus canais, especialmente o Grande Canal, que serpenteia pela cidade e é margeado por majestosos palácios góticos e renascentistas. A sua singularidade geográfica e arquitetônica, combinada com a riqueza cultural e artística, fez com que a cidade fosse declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1987.
A importância dela na história se estende além de sua arquitetura impressionante. Durante séculos, foi um centro vital de comércio entre o Oriente e o Ocidente, facilitando o intercâmbio de mercadorias, ideias e culturas. A República de Veneza, também conhecida como La Serenissima, manteve uma estabilidade política notável e desenvolveu uma sociedade vibrante e cosmopolita.
Nós visitamos a cidade em pleno agosto (de 2018) e realmente o termo lotado de turistas foi seguido ao pé da letra, além do calor bem pesado do verão europeu. Apesar disso tudo, gostamos muito da cidade.
De qualquer forma, ninguém pode negar a importância e imponência histórica de Veneza e sem dúvida ela não pode ficar de fora em um roteiro seu pela Itália.
- Moeda: Euro (EUR)
- Idioma: Italiano
- Necessita vacina? não
- Visto: não
- Carro de aplicativo: não é possível transitar de carro na cidade histórica
- Fuso horário: UTC +1 (4h a mais que o horário de Brasília)
- LGBTQIA+ friendly: sim
Veneza
Como Chegar
Avião: Veneza não possui conexão direta com o Brasil, mas é possível chegar através de avião de outros pontos da Europa (Paris, Frankfurt, Lisboa,…).
Trem: A estação de Santa Lúcia é a principal estação da cidade histórica e muito bem conectada com outras cidades italianas. Cerca de 4h de Roma e 2h15 de Florença.
Ônibus: a estação central fica na Piazzale Roma (último ponto de circulação de automóveis), próximo à estação de trem.
Nós chegamos de avião, pois entramos na Europa por Paris e saímos de Veneza de trem em direção a Florença.
Do Aeroporto ao Centro
O aeroporto Marco Polo fica a 13km de distância do centro da cidade, por isso será necessário organizar algum meio de transporte
Barco privativo: sem dúvida a opção mais cômoda, é só se dirigir ao terminal dos barcos na saída do aeroporto (a empresa que usamos foi a Venice Link) e o barco vai te deixar o mais próximo possível do seu hotel.
Inclusive na porta dele se for o caso do hotel ter entrada privativa para barcos.
Barco compartilhado (shuttle): as mesmas empresas que fazem os trajetos privativos oferecem barcos compartilhados. Mínimo de 2 pessoas (e máximo de 8-12). Os valores variam bastante com a época, mas nós pagamos 27 euros por pessoa e foi uma experiência ótima! Sem dúvida, já vira um passeio chegar na cidade pelos canais.
Alilaguna: os barcos da companhia fazem transporte de passageiros até o centro. Linha azul: aeroporto – porto dos cruzeiros // linha laranja: aeroporto – praça São Marcos.
O tempo de duração da viagem é de 1h20 até a praça São Marcos. O preço é bem mais amigável – 15 euros – que os barcos privativos e por isso são um meio de transporte bastante utilizado.
Quando ir
Março a Maio e Setembro a Novembro. O clima é mais ameno e a quantidade de turistas diminui, lembre-se que, porém, em novembro e dezembro a chance de ter o fenômeno Acqua Alta é maior.
O fenômeno acontece quando a maré do mar Adriático sobe muito e acaba alagando partes da cidade, geralmente inicia pela praça São Marcos por ser o ponto mais baixo. Como ela é originada pela maré, ela dura algumas horas por dia e é possível ver a previsão desse fenômeno nesse link (https://www.comune.venezia.it/content/centro-previsioni-e-segnalazioni-maree)
Quanto tempo ficar
Para viajantes com muita pressa, é possível ver diversos pontos turísticos famosos em 1 dia (no eixo praça São Marcos-Rialto) porém idealmente separe 3 dias para curtir realmente Veneza.
Onde se hospedar
A localização do seu hotel fará MUITA diferença na sua experiência na cidade, pois a mágica de se perder para ruelas, passeios à noite acaba se perdendo caso esteja muito longe da onde o burburinho acontece.
Alguns locais vão sugerir para ficar na parte do continente, mas NÃO faça isso; honestamente, será como estar em Veneza mas não estar em Veneza.
O melhor local para estar mais próximo de tudo é a região de San Marco e Rialto, por consequência os preços são mais altos. Nós ficamos na região de Dorsoduro e gostamos bastante apesar de ser um pouco mais afastada, conseguimos fazer tudo a pé. Escolhemos o hotel Palazzo Veneziano e foi uma ótima experiência, o hotel tinha sido recém inaugurado, ou seja, tudo muito novo e limpo além de termos ganho um upgrade de quarto que foi maravilhoso!
Outra opção é um hotel próximo a estação Santa Luzia para quem chegar de trem, pois não precisará caminhar com malas pela cidade.
Como se locomover em Veneza?
Usando as pernas ou barcos!
O vaporetto é o meio de transporte mais famoso e é o equivalente aos ônibus. Possuem diversas linhas que passam por várias regiões da cidade, confira preços, horário e itinerários aqui (https://actv.avmspa.it/en/content/prices)
Táxi aquático: o mais caro deles, funciona como um barco privativo por isso em termos de conforto é o mais indicado.
O que fazer - Roteiro de 3 dias
Dia 1: Praça São Marcos e Rialto
Praça São Marcos
Se você for chegar na cidade na parte da tarde, sugerimos que explore a região de Rialto e aproveite para curtir as ruelas, começar a explorar a gastronomia da cidade e deixe a praça São Marcos para a manhã do dia seguinte.
Após um bom café da manhã, siga em direção para a praça mais famosa da cidade (e uma das mais famosas do mundo) – a Praça São Marcos.
A sua construção foi iniciada no século IX mas desde 1177 já possui sua forma e tamanho atuais, obviamente passou por diversas reformas – principalmente de seus ladrilhos, mas a essência permanece.
Como curiosidade, é considerada a única praça de Veneza, os demais espaços abertos são chamados de Campos.
As principais construções dela são a Basílica de São Marcos, o Palácio Ducal, o Campanário da Basílica e a Torre do Relógio.
Basílica de São Marcos
Uma das igrejas mais famosas do mundo é um ótimo exemplar da arquitetura bizantina. Sua origem remonta ao séc IX, tendo sido reconstruída algumas vezes até 1063 quando foi estruturada a base do atual edifício. Sua decoração interna foi mudando ao longo do tempo mas manteve-se a um padrão bizantino e gótico. Os clássicos Cavalos de São Marcos foram acrescentados em 1254 (a história nos conta que foram saqueados de Constantinopla durante as Cruzadas), em 1797 Napoleão os retirou de lá, mas foram devolvidos em 1815. Desde os anos 1990 eles encontram-se em exposição (PROCURAR ONDE), pois foram substituídos por réplicas.
A entrada na basílica é gratuita, por isso, as filas podem ser bem grandes. Há algumas regras de que não se pode entrar de bermudas e com ombros de fora porém quando fomos nada disso foi cobrado. Ah, não é permitido entrar com mochilas por isso há um guarda volumes em um prédio no lado esquerdo da basílica.
No seu interior o que chama muita atenção é o seu piso todo em mosaico, são quase 8mil m² cobrindo toda a parte interna. Por lá, existem alguns pequenos museus que são pagos.
Campanário da Basílica
Se você é uma pessoa que adora um vista linda então subir o Campanário é uma ótima opção. Ele é considerado a construção mais alta de Veneza com 98,5 metros, a torre atual data de 1912 porém os registros de campanários no local são bem mais antigos.
O ingresso custa cerca de 12 euros e geralmente as filas são generosas, a subida é feita de elevador então não costuma demorar tanto.
Palácio Ducal (ou do Doge)
Uma obra-prima do gótico veneziano, esse palácio que era a morada do Doge (dirigente máximo da República de Veneza) da cidade foi construído entre 1309 e 1424. Devido à sua riqueza de detalhes e salas, a visita dura de 2-3 horas e é aconselhável comprar ingresso com antecedência.
O palácio foi além de residência do Doge, um importante local político, sendo sede de diversos escritórios e câmaras – a mais espetacular a do Grande Conselho (ou Sala del Maggior Consiglio), com pinturas enormes nas paredes e no teto.
É durante a visita ao palácio que também passamos pela Ponte do Suspiros, outro marco da cidade. A ponte conecta o palácio à antiga prisão e ganhou esse nome pois das suas pequenas janelas era de onde os presos olhavam o mundo pela última vez e suspiravam.
Torre do Relógio
O relógio astronômico azulado chama a atenção e se destaca na fachada do prédio construído no século XV, a complexidade das suas engrenagens é enorme. Também é possível visitá-lo e conhecer melhor a história do relógio.
Não deixe de passear pela ribeira que fica próximo à praça, passe pelas colunas de São Marco e São Teodoro e siga até a chamada riva degli Schiavoni, ela passa pela frente do palácio Ducal e proporciona lindas vistas da cidade.
Próximo à praça (no lado oposto da basílica) está a travessa salizzada San Moisè onde se concentram a maior parte das lojas de grife da cidade.
Museu Correr
Um dos museus mais importantes da cidade, principalmente pois conta a história de Veneza desde a sua fundação até a sua adesão à Itália no século XIX através de pinturas, esculturas, objetos, mobiliários e instrumentos navais. O complexo é composto pelo museu Cívico, Arqueológico e Biblioteca Nacional Marciana, o bilhete custa 10 euros e garante a entrada para os três.
Ponte Rialto e arredores
Seguindo em direção ao lado esquerdo da Basílica é a direção para a ponte Rialto, vá por entre as ruelas que achar mais interessantes; como em muitas cidades italianas, se “perder” na rua é uma atração por si só.
Durante o percurso você verá algumas placas que indicam a direção de Rialto.
A região de Rialto ficou muito conhecida por ser a área comercial da cidade e até hoje o mercado de Rialto é uma atração. Por ali peixes, frutas e verduras são expostos e vendidos em um ambiente bem tradicional.
A ponte mais famosa e mais antiga que corta o Grande Canal, por muito tempo foi o único ponto de travessia do canal.
Após diversas pontes de madeira que foram derrubadas, queimadas ou que caíram a ponte de pedra foi construída entre 1588 e 1591 e é a que existe até hoje!
Ao longo da ponte existem algumas lojas, por ser um lugar de muita aglomeração e movimento cuide bem dos seus pertences (os batedores de carteira adoram essas situações).
Siga caminhando pela margem do grande Canal e se achar algum restaurante que goste pare e tome um Aperol Spritz, dependendo da fome já pode virar almoço também!
Dia 2: Cannaregio, Santa Croce, Dorsoduro
Cannaregio
É o distrito mais povoado de Veneza e onde se localizava o gueto judeu da cidade, aliás por ali está o Museu Judaico também.
Com uma atmosfera mais residencial, mas ainda cheio de lojas e bons restaurantes para petiscos, outra atração da região é a Igreja Madonna dell’Orto, construída no século XIV no estilo gótico e utilizada até hoje.
Ela é conhecida por apreciadores de arte pois contém alguns trabalhos do famosos artista veneziano Tintoretto.
Você verá durante os seus passeios pelas ruelas e canais existem vários bares/restaurantes que possuem locais externos para comer aperitivos (os mais tradicionais são os Cicchetti – espécie de bruschettas/tapas), durante o verão alguns até colocam plataformas no canal que servem como um grande banco para os clientes do restaurante.
Siga em direção à estação Santa Lúcia (ou Luzia), passeie pela Calle della Misericordia, uma famosa rua de compras da região.
Giardini Papadopoli
Um pouco após a estação está um lindo jardim, o Giardini Papadopoli que foi construído nas ruínas do antigo monastério de Santa Croce em 1834. Se você não chegou nem sairá de trem aproveite para conhecer os arredores da estação também.
Gallerie della Academia
Siga para a região de Dorsoduro, onde está localizada uma das pinacotecas mais importantes do mundo – a Galeria da Academia. Em 1817, decidiram que as grandes obras de arte de Veneza deveriam estar reunidas em um só lugar e desde lá o acervo só aumenta, o museu está hospedado em três importantes edifícios religiosos: a Scuola Grande de Santa Maria della Carità, a igreja de mesmo nome e o Monastério de Canonici Lateranensi.
Sem dúvida, para os apreciadores de arte é uma visita imperdível. Você pode reservar o ingresso com antecedência pelo site (recomendável se viajar em alta estação), o ingresso custa 12 euros.
Ali perto, no Canal di San Trovasio encontramos um bom lugar para experimentarmos os Cicchetti e tomar um Aperol!
Na frente da galeria está a Ponte da Academia que também liga essa parte da cidade com o “centro” (a região de Rialto e São Marcos), porém continuamos nessa região por enquanto. Caminhe até a Basílica de Santa Maria della Salute que fica bem na ponta de Dorsoduro.
Basílica de Santa Maria della Salute
A motivação para a construção dessa igreja foi uma pandemia que aconteceu no século XVII onde o o patriarca da cidade fez uma promessa de construir a basílica em agradecimento ao final dela. A construção iniciou em 1687 e foram necessárias mais de 1 milhão de estacas para que se ganhasse uma vasta área de solo sobre o mar. No mesmo espaço da igreja também está a Punta della Dogana (a alfândega de Veneza). A data comemorativa para a santa é dia 21 de novembro.
Museu Peggy Guggenheim
No caminho para a basílica está o Museu Peggy Guggenheim, que conta com uma extensa coleção de grandes artistas americanos e europeus do século XX, como Pablo Picasso, Max Ernst, entre outros. Ele está localizado em um palácio inacabado do século XVIII chamado de Palazzo Venier dei Leoni.
Ao longo do caminho não faltarão boas opções para comer e petiscar, porém reserve um final do dia para aproveitar alguns dos rooftops da cidade. O que fica no Restaurante Terrazza Daniel é um cartão postal, pois fica ao lado da praça São Marcos com uma vista incrível. Outras opções são o Skyline Rooftop Bar e La Terrazza Bar at H10 Palazzo Canova, ao lado da ponte Rialto.
Dia 3: Ilhas de Veneza
As ilhas são pequenas e é possível visitar todas em apenas meio dia. As principais são Murano, Burano e Torcello.
Murano
Fica há 30 minutos de barco de Veneza e é muito conhecida pela indústria do vidro. No século XIII todos os fabricantes de vidros de Veneza tiveram que ser alocados ali pelo risco de incêndios da sua atividade, com isso a região se tornou um expoente mundial na produção.
É possível visitar fábricas que ficam abertas ao público. No pequeno centro histórico encontramos a Igreja de Santa Maria e San Donato e o Palazzo da Mula.
Burano
Localizada também a 30min de Veneza é famosa pelas suas inúmeras casas coloridas. Em um dia bonito é um ponto muito instagramável!
Diversas lojas se concentram no centro da ilha onde também é possível visitar a Igreja de San Martino.
Torcello
Para quem gosta mais de história e construções mais rústicas, essa ilha é muito interessante, pois ela é a ilha habitada mais antiga de Veneza. Atualmente com poucos habitantes e com construções rústicas tem mais um ar de sítio arqueológico. A principal atração é a Catedral de Santa Maria Assunta.
Como fazer o passeio?
Transporte público – o Vaporetto: é possível comprar um bilhete de validade de um dia que te levará às ilhas (para fins de programação a ordem de visitas é Murano – Burano – Torcello). Há também diversas opções de excursões que passam por todas elas e ainda contam com guia para pequenas informações.
A linha verde dos barcos da companhia Alilaguna faz um misto entre transporte e passeio turístico pelo preço de 20 euros.
No restante do dia, aproveite para revisitar algum lugar que gostou muito ou simplesmente seguir sem rumo e encontrar novos pontos dessa cidade que é tão fantástica.
E as gôndolas?
Provavelmente uma das primeiras imagens que vem à cabeça da maioria das pessoas quando pensamos em Veneza são as gôndolas com a vista da praça São Marco ao fundo. Sem dúvida, é um dos passeios mais românticos do mundo porém é justamente aí que a coisa complica. Devido a expectativa ser alta (e o custo também) muitas pessoas se frustram com a experiência.
O cenário real geralmente é bem diferente, canais cheios de barcos com muitos turistas e gondoleiros não tão satisfeitos assim.
Por isso, a indicação é que se for uma grande vontade sua, faça o passeio. Para nós não fazia sentido e preferimos gastar os 80 euros tomando uma garrafa de vinho em um restaurante.
Os pontos de embarque são vários na cidade, os mais famosos na praça São Marcos e em Rialto.
O custo é tabelado em 80 euros por passeios de 30 minutos (sobe para 100 euros se for após às 19h) e adicionais como cantoria, instrumento, drinques são pagos à parte. Existem, ainda, passeios que são compartilhados que daí baixam um pouco mais o preço.