O final da nossa viagem pelo Leste Europeu foi, de certa forma “pesado”, pois visitamos Chernobyl (confira aqui) e em seguida o campo de concentração de Auschwitz.
Acreditamos que conhecer bem nossa história nos leva a não a repetir; portanto, sem dúvida, essas foram duas visitas muito necessárias e todos que tiverem a oportunidade de fazê-las devem aproveitar.
O campo de concentração fica na cidade de Oświęcim, no sul do país, próximo a cidade de Cracóvia. O primeiro campo – conhecido como Auschwitz I – era alocado numa base militar que já estava construída, enquanto o campo Auschwitz II-Birkenau foi construído como campo de extermínio, sendo muito maior que o primeiro. Existiu também o campo Auschwitz III, mas não é possível visitá-lo.
Auschwitz-Birkenau
Como chegar em Auschwitz
O ponto de partida mais fácil e perto é a cidade de Cracóvia (confira nosso roteiro por lá).
Você pode utilizar meios próprios: aluguel de carro ou ônibus, entretanto sugiro ir com um passeio marcado que conta com tour guiado. Com certeza, seu aproveitamento será muito melhor. Nós fizemos o tour com a SeeKrakow e não tivemos problemas.
Eles marcam um ponto de saída perto do hotel e retornam para o mesmo lugar, o tour dura cerca de 8 horas. Por isso reserve o dia inteiro para ele.
Qual a melhor época para visitar Auschwitz
É um passeio atemporal, acredito que visitar no inverno deva deixar a emoção mais à flor da pele ainda, já que fica mais palpável imaginar as condições precárias a que as pessoas (na sua grande maioria judeus) foram submetidas.
A entrada do campo de concentração
Antes de iniciar o passeio – já em Auschwitz – a van para em um restaurante para um lanche rápido e utilização do banheiro. Após, inicia-se o processo de entrada no local. Com as visitas guiadas, tudo fica mais rápido pois o guia retira os ingressos e tem uma fila especial.
Não é permitido levar bolsas maiores que 30x20x10cm.
A visita
O tour consiste em duas partes: primeiro visitar os blocos no campo de Auschwitz I e depois visitar o enorme campo de Auschwitz II-Birkenau.
Vale ressaltar que o tour funciona em grupos pequenos 10-15 pessoas, agrupadas por língua do guia. Para cada um é fornecido um rádio e um fone de ouvido que é sintonizado na mesma estação que a do microfone do guia, portanto facilita o deslocamento e não deixa ninguém sem informação.
Infelizmente, o tour em português não era oferecido quando fomos.
Auschwitz I
Em 1940, um ano depois da invasão da Polônia pelo Terceiro Reich, iniciaram as atividades desse campo que foi responsável por explorar e matar muitos judeus, mas em um número muito menor do que no segundo campo.
Ali funcionava uma antiga base militar que foi adaptada para a tortura. Durante a visita podemos entrar em algumas das construções e entender a dimensão do horror que foi o período.
Antes de entrar, todos os visitantes se concentram próximo a famosa (e macabra devido ao contexto) placa “Arbeit Macht Frei” – O trabalho irá libertá-lo.
Ao passar por debaixo dela nos transportamos a esse momento histórico e é impossível não sentir um aperto no peito – imagine que a maioria das pessoas que passaram por ali não faziam ideia do destino que teriam.
A visita percorre os blocos de tijolos marrons à vista e em cada um nos é apresentado quem forma as pessoas torturadas e mortas, seus objetos pessoais, seus itens de valor (devemos lembrar que eles foram orientados a levar itens de valor consigo) e até… seus cabelos.
Sem dúvida uma das partes mais chocantes, pois conseguimos ali – separados por um vidro – nos conectar com esses seres humanos que foram brutalmente e sistematicamente desumanizados. Não é permitida tirar fotos nesse setor.
Em outros blocos vemos as instalações: banheiros coletivos, dormitórios e salas onde as pessoas eram torturadas.
A visita culmina com a sala onde os judeus eram despidos e levados até a “parede da morte” para serem executados com tiros.
Em um prédio um pouco mais afastado é onde ficava uma das câmaras de gás e os fornos crematórios; é totalmente anestesiante estar nesse lugar e tentar imaginar e sentir um bilionésimo do que aquelas pessoas sentiram.
Auschwitz II-Birkenau
Seguindo o passeio, chega a hora de conhecer o temido campo de Auschwitz II-Birkenau.
O nome nada mais é do que a junção do nome em alemão da região (Auschwitz) com um nome de um vilarejo que ficava nas proximidades. Os campos distam cerca de 3km e é possível fazer o trajeto com um ônibus gratuito do local ou a pé.
Nós fizemos a segunda alternativa principalmente porque essa visita nos deixa muito introspectivos e todo o momento que temos para ficarmos com nossos pensamentos são bem-vindos.
Assustado. Não consigo descrever melhor o sentimento que eu tive quando cheguei no portão do campo, pois ele é enorme.
Vemos uma grande construção que lembra uma estação de trem com trilhos passando por entre ela só que no final desses trilhos não tem nada. Eles acabam no meio do campo.
O projeto da Solução Final (tentativa nazista de exterminar todos os judeus e outras minorias da Europa) teve em Birkenau sua essência. É o maior campo de concentração nazista e foi pensado inteiramente para ser uma máquina de matar e torturar em massa.
No seu período de funcionamento, 1942-1944 milhares de pessoas perderam a vida. No total, estima-se que 1,1 milhões de pessoas foram assassinadas, 90% delas judeus.
Nesse campo visitamos um barracão – uma construção de madeira, com camas de madeira enfileiradas e sanitários todos no mesmo ambiente. Além de zero conforto o local não era inteiramente fechado então no inverno uma boa parte das pessoas morria, literalmente, de frio.
No final da linha do trem encontramos uma ruína que foi o local onde funcionavam as grandes câmaras de gás do campo, porém numa atitude covarde para encobertar a verdade do mundo foi destruída pelos próprios nazistas.
A necessidade de nos expormos aos horrores da história nos coloca numa posição ao mesmo tempo de impotência – pois não podemos alterar o passado e seus horrores – mas também na posição de autores de um futuro mais justo e bondoso! Sejamos resistência e amor!
Continuem Reservando pelo Mundo conosco e até a próxima!