Acredito que desde o lançamento de “O Rei Leão” em 1994 (que por sinal, sei todas as falas de cor) eu sonhava em fazer um Safári e o Kruger é um dos melhores lugares para isso.
O parque foi criado em 1926 com o intuito de preservar a fauna e flora nativa que estava sendo destruída pelo avanço da civilização, por isso é a maior aérea protegida de fauna da África do Sul, cobre cerca de 20mil km².
No parque os animais vivem próximo ao seu estado natural, pois – segundo os guias locais – nenhuma intervenção é feita além da pura preservação das espécies; ou seja, se uma zebra quebrar a pata ela não vai ser transferida para um hospital nem ter o seu membro corrigido, ela vai seguir o curso da natureza – curar ou morrer.
A única intervenção se dá quando eles identificam alguma espécie de agente externo que possa estar dizimando ou infectando vários animais (pragas, epidemias).
Obviamente que há a interferência do homem, o local tem estradas, paradouros, restaurantes, acampamentos (lodges), porém a sensação é de que ali nós somos os “enjaulados” num território dominado pelos animais.
- Moeda: Rand (ZAR)
- Idioma: Inglês, Africâner (11 idiomas oficiais)
- Necessita vacina? Sim, febre amarela
- Visto: Não
- Carro de aplicativo: Sim
- Fuso horário: UTC+2 (5h a mais que horário de Brasília)
- LGBTQIA+ friendly: sim
Kruger Park
Como Chegar no Kruger Park
O Kruger fica ao nordeste de Joanesburgo e você possui basicamente 2 opções: avião ou aluguel de carro/transfer.
- Avião: saiba que são aviões pequenos (cerca 80 passageiros, ex. Embraer 190), a duração cerca de 50 minutos e a principal companhia que faz a rota é a Airlink. O principal aeroporto é o Kruger Mpumalanga International Airport, em Nelspruit. O custo é muito variável mas gira em torno de ZAR 2.000 (R$650,00).
- Carro: alugue o carro no aeroporto de Joanesburgo e siga em direção à rota Panorâmica (siga ao norte pela N4 na direção de Nelspruit até a R36 – a rota são o 72km entre a cidade de Sabie, passando por Graskop a Blyde River Canyon Nature Reserve. O recomendado é fazer esse percurso em 2 dias, no primeiro vá até Graskop (cerca de 5h de viagem), durma por lá e no dia seguinte explore a região até a Reserva, cheio de paisagens exuberantes e cachoeiras. Após é só se dirigir ao seu lodge no Kruger que é ali do ladinho.
Devido ao tamanho do parque, programar a viagem não é uma tarefa fácil, por isso o ideal é iniciar escolhendo por qual porta do parque você vai entrar.
As principais são as da região sul do parque, próximo a cidade de Nelspruit, Sabie ou Graskop – localização de maior quantidade de alojamentos e mais fácil de encontrar os animais (segundo os guias do local). Um dos principais portões é o Paul Kruger Gate.
Qual a melhor época para visitar o Kruger Park
A melhor época para visitar a região do Kruger é na época de seca (maio a setembro/início de outubro); pois, além do tempo colaborar, a vegetação é seca o que aumenta a visibilidade no Safári.
No verão (de outubro a março) é a época do nascimento dos filhotes então tem a sua beleza, porém a chance da chuva atrapalhar seu passeio é maior.
Quanto tempo ficar no Kruger Park
Recomendamos deixar pelo menos 3 dias inteiros (dormir e acordar no mesmo lugar) para o Safári e se for fazer a rota Panorâmica (que pode ser feita tanto desde Joanesburgo quanto com o seu carro alugado no Kruger) mais 1 dia inteiro.
Caso sua programação permita permanecer 4 dias inteiros no Kruger, é legal ficar 2 noites em um lodge e 2 noites em outro em diferente localização pois assim você vai ver as diferenças que existem dentro do próprio parque.
Onde se hospedar no Kruger Park
Acho que esse é o grande desafio quando programamos um Safári no Kruger, seja pela enorme quantidade de lodges/hotéis seja pelas localizações. Tentarei facilitar as coisas.
O que são lodges? É a denominação que eles dão para hotéis que são uma espécie de acampamento, mas não se engane de achar que não é possível ter luxo. Existem instalações para todos os tipos de viajantes, desde dividir uma tenda com desconhecidos até barracas luxuosas, casas na árvore e serviço de hotel 5 estrelas.
O sistema de lodges é bem parecido em todos. Os pacotes geralmente incluem a hospedagem, alimentação (meia-pensão) e os games. Os valores vão depender do tipo de hospedagem e da quantidade de games a ser feito.
As reservas dos lodges dentro do parque são feitos através do site oficial do Kruger , já as hospedagens fora do parque podem ser feitas pelo Booking.com.
Dentro ou fora do parque?
Uma das vantagens de se hospedar no parque é que os safáris começam antes dos portões abrirem (ou seja, menos turistas e mais possibilidade de ver os animais) e existem safáris noturnos que ocorrem após o fechamento dos portões. O horário de funcionamento para visitantes externos é das 6h às 17h30 (o horário muda conforme a estação – verifique no site), quem ficar após esse horário recebe uma multa salgada. Vale a lembrança que esses horários são para os carros individuais de turismo, com as empresas credenciadas, mesmo se você se hospedar fora do parque, é permitida a entrada em horários alternativos.
Outra opção são as “Game Reserves” (Game é como eles chamam o safári, ou seja, fazer um game drive é um safári de carro), elas são reservas particulares regulamentadas mas não fazem parte da área cercada do Kruger; são nelas onde os lodges mais luxuosos são situados. Eles oferecem experiências de Safáris dentro da reserva, que são, é claro, mais limitadas se comparados aos Safáris no Kruger. Se escolherem ficar alguns dias em uma reserva sugiro que também façam alguns “games” no parque.
Nossa Experiência
Quando fomos nos atrapalhamos nas reservas e acabamos perdendo o lodge que queríamos dentro do parque nos hospedamos em um na parte externa, mas que ficava há 10 minutos do portão Crocodile Bridge Gate.
Nosso lodge foi o Mvuradona Safari Lodge, um lodge simples mas confortável.
Nele alugamos um quarto no segundo andar, próximo às copas das árvores. O lodge era bem organizado, possuía uma área comum de refeições e lazer. A piscina, fogueira e mesas ficam de frente para o parque (existe uma cerca separando).
Alguns animais “visitam” também as instalações, mas sem perigos.
Nós gostamos da nossa estadia contudo, acreditamos que a experiência dentro do parque seja mais rica.
O que fazer no Kruger Park
Rota Panorâmica
A rota que engloba o Blyde River Canyon (o terceiro maior Canyon do mundo) é uma das mais bonitas do país. Você pode fazer esse passeio saindo de Joanesburgo em direção ao Kruger ou alugando um carro na região do parque.
Como chegar
A Rota compõe o caminho pela R532 entre Sabie, passando por Graskop e terminando na R36. Ela compõe um caminho por entre o canyon onde encontramos diversas belezas naturais como rios, cachoeiras, vistas de vales estonteantes e até um passeio de barco.
Vale lembrar que existem empresas especializadas nesses passeios e muitos hotéis podem oferecê-lo, então também é uma boa opção para quem não gosta de dirigir, mas não quer perder a beleza do lugar.
Quando ir
Assim como no Kruger a melhor época é a da seca – de outubro a abril.
Quanto tempo ficar
Caso você disponha de 3 dias inteiros no Kruger acho válido deixar um dia para esse roteiro. Para aproveitar a experiencia completa da rota o ideal é começar num dia, dormir em Graskop e terminar no outro.
Se você tiver somente um dia explore os entornos de Graskop para poder aproveitar um dos dois de forma mais completa.
Principais Atrações
– Mac Mac falls e Pools
– The Pinnacle
– God’s Window
– Lisbon e Berlin Falls
– Bourke’s Luck Potholes
– Three Rondavels
– Upper Lookout
– Echo Caves
Safári
“Big Five” é como são chamados os cinco mamíferos mais difíceis de serem caçados: elefante africano, búfalo, leão, leopardo e rinoceronte. E encontrá-los sempre é uma das metas de cada game, porém a grande graça do Safari é não saber o que está por vir. Além desses cobiçados animais, há uma infinidade de espécies a serem observadas e admiradas. Ver os animais no seu habitat natural é uma sensação inesquecível.
Independentemente de onde você estiver hospedado o local vai te disponibilizar uma lista com atividades, às vezes eles serão somente intermediários de uma companhia maior que fazem os safáris no Kruger; outras vezes eles terão toda a estrutura inclusive opções com piquenique, drinques e afins durante o tour.
Acredito que misturar vários tipos de experiência seja a melhor opção: um dia fazer um self-drive (safári no seu próprio carro), no outro game drive naquelas 4×4 tradicionais e fazer pelo menos um safári temático (noturno, amanhecer, entardecer…).
Self-drive Safári
O kruger é um parque e uma reserva nacional, assim sendo, é permitido que você entre com o seu carro respeitando as regras locais. As entradas são feitas somente pelos portões oficiais onde é cobrado uma taxa de entrada por carro e ele é inspecionado na entrada e na saída, para garantir que não entrarão armas e armadilhas e nem que sairão animais ilegalmente.
As regras mais importantes são: somente saia do carro nas áreas permitidas (restaurantes, mirantes), viaje de janelas fechadas e NUNCA alimente os animais.
Existem caminhos planejados pelo parque, no próprio site eles sugerem diversas trilhas para serem percorridas de carro. Uma outra dica, porém, é utilizar o google Maps/Waze e ir rodando sem rumo até encontrar os animais, porque essa é a grande graça do self-drive. Nos pontos de parada encontramos alguns painéis que indicam onde os big five (e o cão selvagem) foram vistos naquele dia (uma espécie de rede colaborativa entre os guias).
Uma curiosidade triste é que eles não marcam a localização dos rinocerontes devido a caça ilegal da espécie para retirada dos chifres.
Game Drives
Esses são os clássicos passeios naquelas 4×4 abertas nas laterais com um guia na frente especialista em achar os animais. Eles são ótimos pois a chance de você realmente ver algo e aprender sobre aquilo é muito maior; definitivamente são um “must go” da viagem.
É nesse mesmo modelo que acontecem os safáris temáticos, com lugares escolhidos a dedo para ter o melhor nascer/pôr do sol, a melhor caçada noturna.
Entre as empresas (e entre os guias) é comum haver uma “competição” de quem avista mais animais ou quem oferece melhores experiencias; é um ambiente bem saudável e amigável e o melhor é que nós – turistas – é que sempre saímos ganhando.
Restaurantes
Todos os lodges oferecem regime de meia-pensão (café da manhã e janta) ou pensão completa, mas se você quiser experimentar um pouco as cidades e vilarejos próximos oferecem bons restaurantes (inclusive outros hotéis também abrem para o público externo).
Dentro do parque existem áreas comuns que possuem restaurantes completos. Indicamos o Lower Sabi, pois além de um bom ponto para uma refeição possui um deck com uma vista incrível para um lago – e onde há água há bicho!
A experiência de observar os animais o mais próximo possível do seu comportamento normal é indescritível, sem dúvidas tem que entrar na sua lista de “lugares para conhecer”.
Continuem Reservando pelo Mundo conosco e até a próxima!