Esse, sem dúvida, é o principal motivo que leva os turistas para a Ucrânia. Observar com os próprios olhos o que a arrogância e o ego do ser humano podem fazer é algo que sempre nos faz pensar. Organizar essa visita não é nenhuma tarefa difícil mas necessita planejamento.
Outro ponto que vale o comentário é que infelizmente para nós brasileiros, viajar pelo Leste Europeu como um todo sem falar/entender inglês (mesmo que um pouco) implica em não ter experiências tão completas. Mesmo com o inglês, não são todos os locais que falam inglês; mas esse não deve ser um ponto de desistência da viagem, mas sim de antecipação de dificuldades!
Na noite de 25 de abril de 1986, a pequena cidade de Pripyat, que ficava mais próxima à usina, ouviu uma enorme explosão; porém nada ficaram sabendo e muito menos a gravidade do que havia acabado de acontecer. Os eventos que se sucederam foram cruciais para entendermos o perigo do egoísmo do ser humano e o quanto regimes que controlam as informações podem ser perigosos.
- Moeda: Grívnia (UAH)
- Idioma: Ucraniano
- Necessita vacina? Não
- Visto: Não
- Carro de aplicativo: Sim
- Fuso horário: UTC +2 (5h a mais que horário de Brasília)
- LGBTQIA+ friendly: não é crime, mas o país está cada vez mais radical
Leia nosso Roteiro de 1 dia por Kiev para deixar sua experiência pelo país ainda mais completa!
Chernobyl
Como Chegar em Chernobyl
Para visitar a zona de exclusão (local atingido pela radiação) é necessário contratar um passeio com agências previamente autorizadas e credenciadas. Duas delas são a Chernobyl Welcome e a SoloEast Travel. Ambas possuem diversos tipos de passeio e você pode encontrar o que mais se encaixa no seu perfil e tempo.
Nós contratamos a SoloEast e fizemos o passeio de 1 dia (aprox 80 euros).
A saída da mini-van (geralmente são grupos pequenos) é da praça da Independência, em Kiev. A viagem dura cerca de 2 horas e durante o percurso eles explicam como será o tour, reforçam as orientações de segurança e de como o passeio é seguro quando vocês as segue, mostram um documentário sobre o acidente nuclear e entregam os dosímetros de radiação (alugamos a parte quando se compra o passeio).
Zona de Exclusão
Ao chegarmos na zona de exclusão foi necessário entregar os passaportes no primeiro posto de controle de Dytyatky, que fica na borda dos 30km da zona de exclusão. Após a liberação seguimos viagem e paramos em um vilarejo abandonado chamado Cherevach. Nele visitamos casas abandonadas e podemos observar a ação do tempo e da natureza quando não há a interferência humana.
Chegamos em Chernobyl perto do meio-dia. Lá fizemos uma visita rápida por algumas construções e monumentos, avistamos tanques de guerra abandonados utilizados no combate ao acidente. Após, seguimos para o segundo posto de controle – Leliv, situado no raio de 10Km da zona de exclusão, ou seja, há 10Km da explosão. Paramos em uma cantina destinada aos turistas para almoçarmos (a refeição é sempre incluída nos passeios – nada maravilhosa, mas alimenta). Ali próximo visitamos alguns monumentos em homenagem às vítimas e aos trabalhadores que ajudaram após o acidente.
Uma curiosidade é que vemos por todo o caminho tubulações na superfície ao invés de subterrâneas, inclusive atravessando as estradas, formando tipo um arco. Perguntamos ao guia e ele explicou que devido à radiação que está no subsolo eles não fazem nenhuma obra no local que possa movimentar muito a terra.
KinderGarten - o jardim de infância abandonado
A próxima parada foi o jardim de infância, na vila de Kopachi, que foi quase que inteiramente queimado e que ainda possui muitos objetos de uso pessoal. Imagens bem impactantes e que refletem como foi inesperada e rápida a evacuação da área (não que ela tenha acontecido de forma precoce pois a história nos mostra que o governo soviético negou por vários dias a dimensão do acidente).
Robô Duga 3 e as suas teorias da conspiração
No caminho para Pripyat, visitamos o Duga 3 (o Pica-pau Russo). Um radar gigantesco que tinha como objetivo captar ataques nucleares possíveis contra a União Soviética. O apelido de pica-pau vem da época da Guerra Fria pois na frequência de 10Hz das estações de rádio (e outros instrumentos conectados via rádio) só era possível ouvir um tec-tec parecido com o animal. A união soviética negava a existência do sinal e do radar e isso gerou uma série de teorias (inclusive de que o sinal seria para controle da mente). Por fim, após a queda da US foi descoberto a real origem (e propósito) do “barulho”.
O reator 4 e a cidade fantasma de Pripyat
Visitamos o local onde se encontra o reator 4, foco da explosão. Podemos observar o sarcófago que foi feito através de uma iniciativa de governos internacionais para evitar que mais radiação se espalhasse, sim a radiação ainda continua a ser dissipada. O primeiro sarcófago ficou pronto em dezembro de 1986, mas possuía muitas falhas e muitos escapes de radiação. Então em 2017 uma nova construção foi feita sobre o antigo e o reator 4.
Pripyat era a cidade mais próxima da usina e a que mais sofreu com a explosão. É lá que estão as famosas construções abandonadas, a roda-gigante, a piscina. Foi uma cidade planejada para abrigar os trabalhadores da usina e para ser um modelo de cidade soviética “perfeita”. Quando chegamos lá a impressão é de que o mundo parou no tempo, o que é verdade pois a cidade está inabitada desde o acidente em 1986.
A chegada em Kiev é aproximadamente às 19h30.
Qual o nivel seguro de radiação?
O valor normal da radiação a que somos expostos anualmente equivale aproximadamente a 3 milisievert (mSv) ou 3000 microsievert (µSv). O limite de dose segura para a população em geral é de 1000 µSV além das exposições médicas e naturais. Em um voo transatlântico somos expostos a 3-9 µSv/h; uma tomografia 6.900 µSV.
Em Chernobyl existem locais que a exposição chega a 6000 µSv/h (próximo ao reator 4), por isso nesse local cada grupo só pode ficar aproximadamente 15 minutos. As principais regras durante a visita foram concebidas para proteger o turista da exposição a radiação, por isso somente passamos por locais preestabelecidos e ficamos o tempo seguro em cada local. Eles também orientam que todos usem calças e mangas compridas e utilizem calçados com solados grossos.
Independente se você alugar o dosímetro Geiger (que esse das fotos com mostrador) a checagem do nível de radiação é obrigatória em todos que entram na zona.
Ao sair do posto de controle de Dytyatki é realizado uma leitura em todos os visitantes para podermos ir embora.
Chernobyl é uma visita única e fantástica. A quantidade de informações históricas e culturais que absorvemos é imensa. Com certeza tem que fazer parte do seu próximo roteiro.
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