A capital da Coreia do Sul foi a nossa quarta cidade no roteiro da Volta ao Mundo e estávamos muito curiosos. Algumas pessoas com quem conversamos nos falaram que Seul era uma Tóquio moderna, pois em Tóquio sentimos àquela sensação de que tem muita tecnologia mas que algumas coisas eram novas há 10 anos, hoje… nem tanto.
- Moeda: Won Sul-Coreano (KRW)
- Idioma: Coreano
- Necessita vacina? Não
- Visto: Não
- Carro de aplicativo: não os tradicionais, o mais próximo é o Kakaotaxi
- Fuso horário: UTC + 9 (12h a mais que o horário de Brasília)
- LGBTQIA+ friendly: Não é crime, porém o casamento ainda não é regularizado. Não sentimos preconceito durante a viagem.
Seul
Como Chegar em Seul
A Coreia do Sul não possui ligação direta com o Brasil, porém a cidade é muito interligada com os principais hubs da Europa (Paris, Frankfurt, Zurique, Londres, entre outros). Além das conexões via América do Norte (Los Angeles, São Francisco, Vancouver).
No nosso caso, como estávamos no Japão, fizemos o voo curto entre os dois países. Confira nosso relato da Executiva da Asiana Airlines no A380 aqui!
Do Aeroporto ao Centro de Seul
A cidade possui 2 aeroportos: Incheon (ICN) e Gimpo (GMP). Sendo o Gimpo o menor e para voos dentro do continente asiático e o ICN o principal.
De Incheon para o centro de Seul
O Aeroporto principal fica na região metropolitana há 50km da cidade porém o transporte é muito prático.
Trem expresso – Airport Railroad (AREX)
Parte do terminal 1 e 2 do aeroporto diretamente à Seoul Station e a partir dali você se conecta com qualquer linha da cidade.
Inconveniente? Não opera 24h, somente entre 5h-22:30 (mas confira no site oficial os horários).
Ao chegar no aeroporto é só seguir as placas da Airport Railroad Station e lá comprar o Express Train Pass. A viagem dura cerca de 50 minutos e o valor é 9.000 Wons para adultos e 7.000 Wons para crianças (cerca de 9 e 7 dólares, respectivamente).
Outra opção com trens mais frequentes e preço mais barato é o All Stops que também é operado pela AREX, porém para em diversas estações até chegar em Seoul Station.
Para maior comodidade e descer na frente do seu hotel utilize os táxis do aeroporto ou os ônibus oficiais que funcionam 24h.
Quando ir para Seul
A Coréia do Sul possui invernos bem rigorosos (de dezembro a fevereiro), por isso para aproveitar melhor a cidade aconselho ir de setembro-novembro (outono) ou março-maio (primavera) pois é menos lotado e o clima ótimo para passear.
Quanto tempo ficar em Seul
Sempre uma questão complicada mas pelo menos 3 dias inteiros na cidade são suficientes para visitar o essencial. Se possível, 5 dias cobrirá a maior parte das atrações e você poderá sentir mais a cultura que é tão diferente.
Onde se hospedar em Seul
Como toda metrópole cada bairro é uma mini-cidade porém quando se tem poucos dias acredito que o melhor bairro seja Myeongdong pois é próximo das principais atrações, possui diversos hotéis e tem movimento a qualquer hora do dia.
O que fazer em Seul - Roteiro de 3 dias
As origens da cidade remontam a 4000 a.C, mas foi no século XIV sob a Dinastia Joseon que a cidade cresceu e iniciou o processo de se tornar a metrópole que é hoje.
A cidade sempre foi uma região estratégica, principalmente por ser próxima ao rio Han e diversos reinos queriam dominá-la.
Durante a dinastia Joseon (1392 – 1897) os palácios reais foram construídos e a cidade se desenvolveu porém no final do século XIX o grande “boom” iniciou após a abertura para estrangeiros.
A Coreia passou por muitas guerras e foi dominada por japoneses, chineses e outros povos ao longo dos anos. Na sua última “invasão” passou ao domínio dos japoneses até o final da Segunda Guerra Mundial (1910-1945) e logo em seguida embarcou na destruidora Guerra das Coreia (1950-1953) que deixou Seul destruída em muitas partes.
Resiliência e reestruturação foram os pilares para esse país passar de um detonado por guerras para umas das economias mais potentes do mundo – principalmente investindo em educação.
Dia 1: Myeongdong, Portão Sungnyemun, Palácio Deoksugung e Mercado Noturno
Seul possui 5 palácios e visitá-los é uma das principais atrações da cidade (não necessariamente todos).
Conforme expliquei antes, se você for ficar poucos dias prefira se hospedar em Myeongdong.
Catedral da Imaculada Conceição
Inicie seu passeio pela Catedral da Imaculada Conceição. Apesar de quase metade da população coreana não possuir uma religião, a igreja católica fez diversas missões pelo país e hoje o catolicismo é a religião mais professada no país, seguido pelo budismo.
Essa Igreja foi inaugurada em 1898 e durante os anos 1970s foi muito importante politicamente por apoiar e ser um local de reunião dos grupos pró-democracia no país.
Portão Sungnyemun
Siga para o Portão Sungnyemun (também chamado Namdaemun), um dos 8 portões que davam acesso a cidade quando ela era murada durante a dinastia Joseon.
Você pode fazer parte do trajeto pela rua Myeongdong 8na-gil que é a rua com muitas lojas, muitos cosméticos e cheia de gente. Mas não se preocupe que o o legal dessa rua é visitar de noite, quando tem várias barracas de comida de rua deliciosas!
O portão foi construído originalmente em 1398 e fazia parte do muro de 18,2km e 6 m de altura que circundava a cidade.
Ele teve de ser reconstruído diversas vezes ao longo do tempo sendo as duas últimas após a guerra da Coreia e em 2008 quando a parte de madeira foi incendiada sendo a restauração foi concluída em 2013.
Ele era um dos maiores portões da cidade e mesmo hoje podemos observar a sua grandeza. Por causa do incêndio, algumas partes não podem mais ser acessadas.
Mercado 24h de Namdaemun
Próximo ao portão está o mercado 24h de Namdaemun. Sua criação data do século XIII, em 1414 quando o próprio governo iniciou a comercialização de arroz e roupas.
O mercado foi ganhando fama e crescendo cada vez mais. Passou por diversos problemas e incêndios durante os anos. Hoje em dia é um bom lugar para souvenires, algumas comidas típicas e para entender a cultura local.
Seoullo 7017 - Seoul Skygarden
Algumas quadras de distância fica o Seullo 7017, um projeto que parece muito com o High Line em Nova Iorque.
É uma passarela arborizada que atravessa uma das principais avenidas da cidade e dá um ar de sossego no meio do caos urbano. Foi aberto em maio de 2017, possui 1km de extensão e tem mais de 24mil plantas no seu paisagismo.
O local foi projetado na década de 70 para ser uma avenida para ajudar no fluxo da cidade porém pouco foi utilizado.
Seu nome “Seoullo” é traduzido por “sobre Seul” ou Rua Seul. Já o numeral faz referência ao ano de construção da primeira passarela – 1970 – e o número de passarelas conectadas ao parque (17).
Palácio Deoksugung
Siga para o nosso primeiro palácio do passeio, o Deoksugung. Durante a dinastia Joseon foram construídos os Cinco Grandes Palácios – Changdeokgung, Changgyeonggung, Deoksugung, Gyeongbokgung e Gyeonghuigung.
Após uma guerra em 1592 quase todos os palácios foram queimados, menos ele. Por isso, tornou-se Palácio real até 1910. Um dos pontos altos da visita é a troca da guarda em frente ao portão, muito colorida e coreografada, fomos na das 15h30 e foi muito bonita. Inclusive ela é menos lotada do que a do grande Palácio de Gyeongbokgung. Acontece em 3 horários (exceto às segundas): 11h, 14h e 15h30.
É cobrado entrada para visitar o palácio mas não é cara e vale a pena.
Mercado Noturno de Myeongdong
Na frente do templo está a Seul Plaza que fica em frente à prefeitura. Por ali sempre está acontecendo algum evento ou feira.
Termine seu dia nas redondezas do Lotte Gallery para compras e restaurantes um pouco mais sofisticados ou retorne para a rua Myeongdong 8na-gil e arredores que você encontrará uma grande feira gastronômica de rua que é montada todos os dias, conhecida como Mercado Noturno de Myeongdong.
Como dica gostamos bastante dos pasteis fritos e da batata frita no palito, mas opções e variedade não faltam.
Por lá também existem enormes lojas de departamento que vendem muitos produtos cosméticos (e tudo o mais que imaginar).
A Coréia do Sul é conhecida pelos procedimentos estéticos e preocupação com a beleza, então que gosta de cremes, máscaras hidratantes e todos os tipos de produtos é uma perdição!
Dia 2: Parque Cheonggyecheon, Palácio Gyeongbokgung e Changdeokgung e a Vila Hanok Bukchon
O transporte público de Seul é um dos melhores do mundo e as linhas de metrô te levam para praticamente qualquer local da cidade. Além disso, a segurança na cidade é muito boa então é tranquilo andar tanto de dia quanto à noite.
Parque Cheonggyecheon
Inicie seu dia pela praça Gwanghwamun (desça na estação de mesmo nome ou vá caminhando), na verdade uma quadra antes da praça está um excelente local de aproveitamento do espaço público e transformação do ambiente num local mais agradável – é o parque Cheonggyecheon, o maior parque urbano horizontal do mundo.
São 11km de extensão ao longo da margem do rio Cheonggyecheon Stream. Se não puder não precisa caminhar muito mas sentir a energia e entender o processo de transformação do local é essencial. Para quem for no inverno talvez a experiência não seja tão bonita mas mesmo assim vale a pena conferir.
Praça Gwanghwamun
Voltando para a praça Gwanghwamun, ela fica no centro de uma das principais avenidas da cidade – a Sejog-daero. Como ela termina no portão do palácio, antigamente era o local de muitos prédios governamentais. Hoje em dia a praça serve como palco de grandes eventos da cidade e também de manifestações populares.
Nela encontramos a a grande estátua do Rei Sejong um dos principais da dinastia Joseon e inventor do alfabeto coreano e do Almirante Yi Sun-sin, famoso por suas vitórias contra os japoneses no período da dinastia.
Palácio Gyeongbokgung (e Museu do Folclore Nacional)
O palácio Gyeongbokgung é o maior da cidade e foi o mais importante durante a dinastia Joseon. Foi construído em 1395 e serviu como moradia dos Reis da dinastia e governadores.
Em 1592 durante a guerra Imjin foi destruído e permaneceu abandonado por 200 anos. Foi restaurado porém os japoneses destruíram boa parte novamente no início do século XX. Atualmente ele está gradualmente sendo reerguido e trazendo toda a sua imponência novamente.
Na frente do portão Gwanghwamun é onde acontece 3 vezes ao dia a troca da guarda, um ritual milenar que dura cerca de 15 minutos e caso você não tenha visto em Deoksugung é bem legal de apreciar.
Passeie pelos diversos prédios do Palácio (é necessário pagar uma pequena taxa de entrada), veja muitas pessoas com roupas típicas coreanas (locais e turistas – é possível alugá-las se quiser) e se deslumbre com o tamanho e riqueza de detalhes do local.
Dentro da área do palácio ficam dois importantes museus – o Museu do Palácio Nacional que conta toda a história da dinastia e do período imperial e o Museu do Folclore Nacional que remonta a história cultural da Coréia desde o início dos tempos.
Nós visitamos o do Folclore e achamos muito interessante!
Vila Hanok Bukchon
Ao lado do Museu do Folclore (fora da área do palácio) você encontrará a histórica e tradicional Vila Hanok Bukchon que é um bairro que parou no tempo da dinastia Joseon com suas casas tradicionais (Hanok) e comércio típico local.
Vá se “perdendo” pelas ruas e tente encontrar um local para almoçar, não faltam opções. Nós escolhemos um que tinha o típico Korean Barbecue (churrasco coreano) mas confesso que não gostamos muito apesar da experiência ser bem tradicional.
Porém paramos em uma cafeteria muito charmosa para um café e uma torta que valeram a pena.
Por ali você encontrará muitos itens de artesanato também.
Palácio Changdeokgung
Se você quiser continuar na visita a palácios, o Changdeokgung fica na região e é o único dos 5 grandes que faz parte da lista de patrimônios mundiais da UNESCO. Ele é muito bem integrado com a natureza ao seu redor e os seus jardins são muito famosos.
Também próximo desse palácio está o Templo Jongmyo (ou Chongmyo) que é um dos templos Confucianos mais antigos ainda de pé. Servia para enaltecer as conquistas e feitos dos reis e até hoje permanece com rituais desse tempo.
Dongdaemun Design Plaza (DDP)
Se você estiver cansado de templos e Palácios, pegue o metrô e vá até o famoso Dongdaemun Design Plaza (DDP) e aprecie uma das fantásticas obras de engenharia e arquitetura da Ásia. Além do mais, é um ótimo local para compras e restaurantes.
Dia 3: Torre Namsan, Memorial de Guerra da Coréia, Hongdae e Gangnam
CJ Seoul Tower (Namsan Tower)
A torre oficialmente denominada de CJ Seoul Tower é conhecida como Namsan Tower ou Seoul Tower. Ela fica no monte Namsan e circundada pelo parque público de mesmo nome.
Ela possui 236m de altura, ficando a 419m acima do nível do mar. De lá as vistas da cidade e da redondeza são estonteantes. É possível visitá-la também no final do dia com uma vista muito bonita da cidade iluminada. Fica a seu critério.
Para chegar na torre é possível usar um funicular até o mirante e depois subir a pé até a torre, para chegar nele desça na Myeongdong Station e suba a rua Toegye-ro 18 gil até o final. Também é possível subir uma parte de elevador que conecta o Namsan Tunnel 3 com o Cable Car.
O valor da passagem adulta ida e volta é KRW 9.500 (8,5 dólares) e somente um trajeto KRW 7.000. O Namsan Cable Car funciona das 10h da manhã até às 23h.
O caminho entre o terminal do teleférico e a Torre é uma trilha curta e muito arborizado. Uma curiosidade é que é nesse local que os casais sul-coreanos escolheram para pendurar seus cadeados.
A visita na torre é com hora marcada e de lá você consegue ter uma visão 360º da cidade, o ingresso custa KRW 11.000. Além da visita também é possível reservar uma refeição no restaurante giratório que fica na torre ou em um dos outros vários restaurantes do loca. Uma experiência que pode ser bem interessante já que a vista é linda.
Memorial da Guerra da Coreia
Saia da torre e volte pelo funicular (ou a pé) e pegue o metrô (linha 4 ou 6), pare na estação Samgakji e ali perto estará o importante Memorial da Guerra da Coreia, inaugurado em junho de 1994.
O local é uma instituição pública sem fins lucrativos e que tem por objetivo alertar e educar a população para que novos combates como foi a Guerra da Coreia (1950-1953) não se repitam.
A entrada é gratuita e ele funciona de terça a domingo das 09h30 às 18h (entrada fecha às 17h30).
Com o final da 2ª Guerra em 1945 e a libertação da Coreia (até então unida) se deu com a ajuda dos comunistas (União Soviética e China) no norte e capitalistas (EUA, com investimento bilionário) no Sul. Algumas tentativas de unificação foram frustras até que em 1950 a guerra iniciou em definitivo.
O país ficou divido no paralelo 38 e em 1953 as duas partes assinaram apenas um cessar fogo – tecnicamente eles estão em guerra até hoje. Nenhum considera o outro como governo legítimo, sendo que a Coreia do Sul os dois lados se consideram governantes da Coreia como um todo.
O Museu é muito bem construído, obviamente sob a ótica dos sul-coreanos (com um patriotismo bem parecido com os “irmãos” dos EUA), mas com uma boa pitada de crítica histórica é possível absorver muita informação do loca.
A parte externa é muito bonita e cheia de artefatos de guerra antigos, além de possuir um belo jardim.
Bairro Gangnam
Se você estiver na vibe de algo mais sofisticado para o almoço (ou restante do passeio) um boa opção é o bairro de Gangnam. Conhecido bairro de luxo da cidade com lojas de grife e restaurantes mais elaborados o local foi imortalizado na música viral Gangnam Style do cantor Psy.
Inclusive por lá está instalada uma estátua em homenagem a essa música (fica na rua Youngdongdaero 513)
Hongdae
Na sequência da vista ao bairro (ou diretamente se for sua preferência) não deixe de conferir a região de Hongdae. Próximo à Universidade Hongik que possui o melhor programa de artes do país, o local ferve a arte, cultura underground, bares e discotecas.
Nos anos 90 com os preços mais acessíveis dos imóveis da região muitos artistas escolheram ali para abrir seu ateliês, a partir de então o desenvolvimento só decolou.
Com muitas lojas de moda autoral e cafés muito peculiares a região é uma das mais visitadas da cidade. A principal rua da região é a Hongik University street.
Ahh e para quem gosta de Karaokê (aqui chamado de Noraebang) esse é o local.
Para chegar, pegue o metrô linha 2 ou 6 e desça na estação Hongik ou Hapjeong.
Seul é uma cidade muito viva e moderna, apesar da sua história milenar o desenvolvimento da cidade se deu nos últimos 50 anos e a Coreia do Sul é um dos poucos países que saiu de um país colonizado e de subdesenvolvido nos anos 1960 para uma potência.
Ficou com vontade de conhecê-la? Possui alguma dica diferente? Deixa nos comentários!
Continuem Reservando pelo Mundo conosco e até a próxima.